Charles Aznavour - Meo Arena


Daqui a uns anos, não muitos, haverá uma entrada nas enciclopédias sobre a “chanson” que começará assim: “modo de composição e interpretação em francês, cujo último ícone foi Charles Aznavour”. Nada menos que isto: Aznavour representa, já hoje, uma arte extinta, um estilo muito próprio, símbolo da música ligeira francesa do século XX. Essas canções sobrevivem ainda pelos bares e cabarets de Paris, em versões para turista, mas cá fora já ninguém ouve coisas dessas. De alguma forma, apenas mais um reflexo da perda de influência cultural dos gauleses. Aznavour nunca teve uma voz por aí além, mas compensa essa falha com uma interpretação empenhada. Tanto mais que, na maior parte dos casos, são canções em nome próprio, histórias de amor, talvez vividas por alguém que também foi galã de cinema. Escreveu mais de 1200, cantou-as em sete línguas, ao largo de quase 300 discos, entre originais e colectâneas. “Mourir d’Aimer”, “La Bohème”, “Je m'Voyais Déjà” e tantas outras, não esquecendo a sua famosa versão de “She”, vão ser cantadas em Lisboa, como foram no Outono na América, no Japão, ou, lá mais para o fim de Dezembro, em Paris. Aos 92, mais que uma demonstração de longevidade, Aznavour dá lições de classe. Provavelmente, será a última vez que se cantará assim em francês em Lisboa.

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