Elvis Costello and The Roots - Wise Up Ghost ***

Aos mais antigos, este disco soará a Frank Zappa. O que abona muitíssimo a favor de Zappa, especialmente se tivermos em conta que os seus autores não explicitaram qualquer intenção comemorativa. Zappa pela paisagem musical aparentada do hip-hop, mas francamente mais experimental e rica. Zappa ainda pelo estilo vocal que Costello amiúde exala, entre o anasalado e o balbuciante. Mas Zappa não mora aqui. E o que há a dizer sobre este disco é relativamente simples: a ideia original (a regravação de velhos temas de Costello) era interessante, pela nova luz que a banda de Questlove poderia trazer a essas canções, já a concretização, suportada em temas originais, acaba por ser relativamente decepcionante. Há mesmo momentos sensivelmente aborrecidos, por exemplo quando as canções empastelam e parecem cair num interminável loop, o que poderá resultar nas coloridas actuações ao vivo dos Roots (a banda residente do programa de Jimmy Fallon), mas que em disco apenas tem o condão de esticar a quase totalidade dos temas para os cinco minutos. Essa circularidade obsessiva das canções, assim como a batida metálica e também ela obsessiva, são, reconheça-se, o campo perfeito para o tom sombrio, pessimista, corrosivo do que Costello canta. Uma América, um mundo, se quisermos, triste, sem esperança, enredado nas armadilhas de que fala "Tripwire", uma das suas melhores canções de sempre, curiosamente uma valsa clássica que os Roots abdicam de contaminar. Enfim, apenas mais uma colaboração para a já razoável colecção de Costello. E sublinhe-se a palavra "apenas".

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