LLoyd Cole - Standards ***

LLoyd Cole é um tipo honesto, pacato até. Devemos, por isso, encarar as demasiado óbvias citações de Dylan presentes neste disco como uma espécie de veneração, um tributo que qualquer um de nós poderia manifestar ao Todo Poderoso. Porque, fossemos induzidos pelo marketing associado, estaríamos agora aqui a zurzir no pobre do Lloyd, que, após ouvir Tempest, o mais recente do Mestre, teria visto a luz e sido finalmente conduzido para os caminhos resplandecentes da Grande Arte. Ora o que podemos ouvir em Standards é apenas uma citação de fraseado musical, mais verdadeiramente pela via dos Byrds, em "Period Piece", e um mais descarado pastiche em "Diminished Ex". E é o que há de Dylan por aqui, e não é muito nem especialmente brilhante. O que há, e isso é mesmo bom, é Lloyd Cole do mais clássico, a remeter directamente para os Commotions da década de 80. Ou seja, música mais luminosa do que a recente discografia a solo, toda ela muito caseira e sombria. Aqui imperam as guitarras em vários formatos, sublinhadas pelos característicos coros, e uma vaga inspiração country nas baladas, como é o caso de "Myrtle and Rose", que Johnny Cash não desdenharia incluir nos famosos últimos discos (nem lhe faltam as referências bíblicas...). Imutável, na música de Lloyd Cole, independentemente da roupagem mais ou menos profissional, é aquela aura de uma melancolia que sabe bem. A despedida de "Silver Lake", a nostalgia de "Women's Studies", ou a ambivalência de "Kids Today" são apenas alguns exemplos. Essa doce tristeza é, afinal, a marca de água que suplanta qualquer citação, mais ou menos estudada, de Dylan.

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