Áurea - Ao Vivo no Coliseu dos Recreios ***

Ponto prévio: o DVD e o CD, quase gémeos, não são maus de todo. Em absoluto. Mas na vida tudo é relativo. E este segundo disco de Áurea é relativamente pior que o primeiro disco de Áurea, sendo que o segundo disco é igual ao primeiro. Expliquemo-nos. O primeiro disco de Áurea, lançado em finais de 2010, chamava-se Áurea e foi um sucesso estrondoso. Uma boa voz, boas canções originais, tudo made in Portugal. O segundo disco de Áurea também se chama Áurea e tem mais ou menos as mesmas canções. Só que foi gravado um ano depois e ao vivo. Provavelmente, a cantora, os autores, a editora não resistiram ao exercício auto-celebratório – a vida corria-lhes bem, muito bem, e quiseram partilhar isso mesmo com o respeitável público e, já agora, esticar o sucesso económico da façanha inicial. Entendidos. O resultado é, porém, sofrível. O cerne do problema parece estar na orquestra e no conceito que ela enquadra. Do registo contido da excelente produção do primeiro disco passa-se para uma sonoridade mais própria de um Festival da Canção, os daqueles talk shows da RTP. O jet set que se acomodou na plateia do Coliseu aplaudiu muito e, seguramente, a aposta está ganha do ponto de vista comercial. Provavelmente, é o preço a pagar para fazer música daquela e ter sucesso em Portugal. Mas soa mal. Acresce que a captação de som não é brilhante e, por vezes, o que nos chega é uma massa sonora e não os naipes de instrumentos propriamente ditos. A cantora, por seu lado, revela uma menor plasticidade vocal do que se adivinhava no disco original. Nada de grave, porém. O que interessa saber é se Áurea e o autores/compositores vão conseguir fazer um verdadeiro segundo disco capaz de ombrear com o primeiro. Em caso afirmativo, este CD/DVD relegar-se-á ao seu papel no baú de memórias dos intervenientes. Apenas.