“Se não me surpreendo a mim mesmo, será um esforço em vão.”
É assim que o irlandês Conor J. O’Brien descreve as suas canções. E que
surpresas! Uma das maiores de um ano que ainda nem a meio vai.
A inspiração primeira, e isso só lhe fica bem, são os quatro
de Liverpool (“That Day”), mesmo que frequentemente sejamos remetidos para a
reinterpretação que os escandinavos (vide Kings Of Convenience) têm feito da
pop (“The Pact” ou “Set The Tigers Free”) ou para a corrente de novos
compositores da constelação Rufus (“Ship Of Promisses”).
Mas é injusto restringir os Villagers (é assim que se
apresenta o grupo ocasional de músicos reunidos por O’Brien) às suas
influências. Até porque esta estreia apresenta 11 canções de rara beleza, seja
na composição seja na interpretação, incluindo a claríssima voz do autor.
Experimentem ouvir “Home” e digam lá se conseguem ouvir apenas uma vez…
Eis, pois, e não será demais insistir, um dos discos do ano.