Sting - If On A Winter’s Night… *

O Natal tem destas coisas – um belo laçarote esconde por vezes uma prenda sem graça. Época de boa vontade, sabendo-se que dela está o Inferno cheio. Este disco de Sting é lindo. Quer dizer, a capa, o livrinho, o DVD, o selo da Deutsche Grammophon na contra-capa… Como se de uma obra clássica se tratasse. E, na realidade, até por aqui surgem peças de Purcell, Schubert, Bach, a par de outras de autoria própria e de algumas tradicionais. Canções de Inverno, sombrias, mas também de júbilo, pelas neves, pelas alegrias do Natal.
O problema, o grande problema, é a concretização de tudo isto. Os arranjos, entre um classicismo light e as influências folk, a fazer lembrar, por exemplo, as aventuras de Enya, até nem são o pior. Má mesmo é a voz de Sting, completamente fora de contexto, monocórdica, chegando mesmo a ser desagradável. Um projecto destes exigia obrigatoriamente uma voz moldada pelos cânones clássicos. Em vez disso, temos uma voz dura, sem qualquer maleabilidade. Confrangedor.

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