Ludovico Einaudi

O tecto do CCB não tem estrelas, e não há lá janelas por onde a luz quebre a escuridão. Essa é a paisagem que Ludovico Einaudi imaginou para a sua música. Manda o bom gosto e o bom senso que ninguém se lembre de decorar o local com objectos alusivos e deixe a imaginação da assistência fazer o seu trabalho.
Einaudi considera-se um desenhador de paisagens e por esta descrição dá para calcular que falamos de um compositor de música contemplativa, de um artesão de melodias simples. Uma música, enfim, minimal, embora o autor recuse, e bem, inscrever-se na escola do minimalismo. A respiração é, aqui, mais ampla, mais melódica, e sendo certo que se desenvolve em movimentos quase sempre circulares, não é menos verdade que as texturas pop e world music lhe conferem uma muito maior agilidade, muito familiar a quem gosta, por exemplo, de Rodrigo Leão.
A obra que Einaudi traz ao CCB é o disco Nightbook, um ciclo de temas escritos durante as constantes viagens do compositor à volta do mundo e que, de alguma forma, pretende ser uma reflexão sobre os contrastes entre a luz e a escuridão, o conhecido e o misterioso.
O piano, por vezes trabalhado electronicamente, é o centro desta música, em que as cordas e as percussões desenham ora vastos espaços abertos (“The Planets”), ora intensos crescendos orgíacos (“Eros”).

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