JJ Cale - Roll On ****

De JJ Cale é sempre necessário recordar que se trata do autor de “Cocaine”, popularizada por Eric Clapton. Isto porque “Cocaine” (e, já agora, “After Midnight”, também reinterpretada pelo mesmo artista) concentra, naquele estilo sincopado, toda a música de JJ Cale. E depois porque a enorme influência deste discreto septuagenário em alguma da música que se faz hoje em dia tem em Clapton o seu expoente maior.
Aliás, Clapton é a estrela convidada, precisamente em “Roll On”, a faixa que dá o título ao disco, como já havia sido ele a partilhar, de forma mais ampla, o trabalho anterior de Cale – The Road to Escondido (2006). Diga-se, de passagem, que pouco se dá pela presença de Clapton neste disco, tal é a similitude entre uma certa forma de dedilhar a guitarra exibida por ambos.
Outra coisa que costuma dizer-se de JJ Cale é sua enorme versatilidade com os instrumentos. À parte uma ou duas colaborações, é ele que toca tudo, seja bateria, piano, sintetizador ou banjo. E, obviamente, guitarra (muitas…), a sua imagem de marca.
É claro que Cale não é pessoa destinada aos tops. Aparentemente, até faz gala de manter um certo low profile, de gravar pouco e, acima de tudo, de manter um estilo avesso a modas, que deve muito ao booggie, ao jazz, aos blues, às músicas fundadoras.
Por exemplo, neste disco, canções como “Former Me”, com as suas extraordinárias linhas de piano, remete mais para o universo jazz do que para o rock. E as quase imperceptíveis linhas de metais em “Who Knew” conferem-lhe uma patine muito própria. A pedalada de “Strange Days” estaria mesmo a pedir um êxito de rádio, se estas canções ainda passassem na rádio.
É claro que estamos que perante um cantor de culto. Sobre isso não há grande volta a dar.

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