Charles Aznavour - Duos ***

Aznavour está com 84, continua a compor e a lançar discos, corre o mundo, como sempre fez, mas agora numa não totalmente assumida tournée de despedida, até porque tenciona continuar a cantar em público sempre que lhe apetecer (e, como vimos há pouco tempo em Lisboa, bem pode continuar a fazê-lo). E agora até tem, em Paris, uma comédia musical baseada em algumas das quase mil canções que compôs (Je m’Voyais Déjà). Que mais poderia ele fazer? Sim, um disco de duetos. É uma disco que fica sempre bem na discografia dos grandes mitos, dá para revisitar velhos sucessos, talvez arriscar uma ou outra aventura e, finalmente, fazer pontes entre gerações e estilos musicais.
É isso este Duos. A empreitada, diga-se desde já, destina-se quase exclusivamente a fãs, ou seja, àquela faixa de público que ainda se lembra de Aznavour. Os outros, pouco ou nada de interessante por aqui vão encontrar.
A maioria dos temas é servida por orquestrações banais, na maioria dos casos, adaptando-se desgraçadamente aos estilos dos convidados (veja-se os casos de Céline Dion ou Sting, por exemplo).
Das duas partes do projecto (na primeira, Aznavour e os convidados cantam em francês – e nunca imaginei que Elton John tivesse um francês impecável…), a segunda é bem mais interessante. O anfitrião adapta-se que nem uma luva às línguas dos parceiros (maioritariamente inglês, mas também espanhol, italiano e alemão!) , e os temas fluem de modo bem mais interessante. Exemplo disso é a mais que famosa “She”, em dueto com Brian Ferry, muito distante das versões que já conhecemos e mesmo da exuberância que esperaríamos do charmoso ex-Roxy Music.
Curiosamente, ou talvez não, os pontos altos do disco talvez sejam os duetos com mortos (Sinatra e Piaf). É que, se calhar, já não se fazem intérpretes à altura de Charles.

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