John Mellencamp - Life, Death, Love and Freedom ****

Há um erro na capa deste disco. Obviamente, o título não é Life, Death, Love and Freedom. Porque, aqui, não há pingo de vida ou amor. E liberdade só para envelhecer, sofrer, morrer. Por isso, o disco deveria chamar-se Death, Death, Death and… Death. E ter na capa um selo amarelo com o aviso: “Vivamente (!?) desaconselhado a pessoas com tendência para a depressão.”
Para aquele que será certamente um dos discos mais deprimentes do ano, John Mellencamp, ex-Cougar, conta com a preciosa ajuda de T. Bone Burnett, esse herdeiro autêntico de Roy Orbison, que assina a produção e ensombra muitas das 14 canções com a sonoridade atmosférica de uma guitarra em suave vibrato.
Convém alertar, porém, que o pessimismo das reflexões de Mellencamp é aconchegado por um envolvimento que, embora em tom menor, não deixa de ter aquela intensa beleza das coisas tristes.
As bases desta música são os tradicionais blues, explícitos, de resto, logo na primeira canção (“Longest Days”), quase sempre acústicos, embora também quase sempre ornamentados com as ondas eléctricas de Burnett.
A canção que os americanos escolheram para testar na rádio é “My Sweet Love”, dominada fortemente por uma percussão a fazer lembrar Buddy Holly ou as facetas mais experimentais da fase comercial dos Fleetwood Mac.
“A Ride Back Home” é, porém, a canção mais vibrante do disco. Isto, claro, se não ligarmos à letra (um insistente pedido a Jesus para que o leve de regresso a “casa”).
Os audiófilos podem, no entanto, rejubilar, Esta edição é acompanhada de um DVD contendo várias versões para descarregar (para iPod, por exemplo) e ainda a estreia mundial do CODE, uma patente desonvolvida por Burnett que permite uma qualidade sonora idêntica ao som de estúdio. E até se nota a diferença.

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