Mark Knopfler

A única dúvida é saber como vai Mark Knopfler vestir os velhos êxitos dos Dire Straits. Será à Dire Straits, com aquela voz e principalmente aquela guitarra, ou à novo Knopfler, com arranjos delicados e policromáticos? É óbvio que “Sultans of Swing” é “Sultans of Swing” e só faz sentido se interpretado daquela maneira, sob risco de acabar de vez com as memórias fragilizadas de uma geração que guarda religiosamente o momento em que a parafernália punk foi bruscamente interrompida por toda aquela limpidez. Mas e o resto das memórias dos Dire Straits? É certo que, a partir de uma certa altura, aquilo já enjoava, era apenas a exploração despudorada de uma sonoridade, mas os primeiros dois discos dos Dire Straits merecem ser preservados. E serão os seus temos que os portugueses entoarão no Campo Pequeno. A carreira a solo de Knopfler, apesar de longo, não terá tantos momentos marcantes que possam fazer levantar plateias em coro. Prevê-se, por isso, um concerto misto, não muito diferente daquele de há dois anos no Pavilhão Atlântico, em que, a par dos velhos sucessos, surgirão as canções do disco mais recente – Kill To Get Crimson. A uni-los, o tom melancólico que caracteriza toda a obra de Knopfler. Nesta última gravação, é difícil perceber se o velho guitarrista se deixa influenciar mais pelas velhas baladas folk americanas se pelos ambientes e tons dos bares irlandeses. E serão sonoridades de acordeão, flauta, banjo e quejandos que ecoarão no Campo Pequeno. E a tal guitarra, claro.

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