Luís Represas - Olhos nos Olhos ***

Preparem-se. A moda Primavera/Verão 2008 na rádio portuguesa inclui uma canção em que fogueira rima com piteira. E se os mais novos perguntarem o que é isso da piteira, contem-lhes que se encontram, por exemplo, em Sagres, onde Luís Represas acampou quando era mais novo e onde voltou agora para escrever canções com o seu quê de autobiográfico, mas destinadas a serem cantadas em coro nos concertos ou em grupo nas tais noites de Verão.
A balada “Sagres” poderá ser o primeiro sucesso deste disco, mas outros temas poderão ter o mesmo destino, a começar pela canção de abertura (“Entre Mim e Eu”), bem mais animada e a fazer lembrar os pré-históricos Trovante.
Olhos nos Olhos foi gravado integralmente em Cuba e isso nota-se. Obviamente mais em “América”, em que às sonoridades cubanas nem sequer falta um improviso de Pablo Milanés. Mas o toque acústico-doce-ligeiro da música das caraíbas sente-se um pouco por todo o disco, talvez influência de Miguel Nuñez, produtor e director de orquestra com quem Represas volta a encontrar-se.
Da América chegam ainda outros dois convidados: a brasileira Simone, num bem conseguido dueto, e a Liuba Maria Hevia, numa das mais belas canções do disco (“Pessoas Felizes”).
Um dos aspectos mais decepcionantes para quem gostaria de ouvir neste disco mais que o Represas das baladas para coro das multidões é o pouco que se aproveita do excelente naipe de músicos que teve ao seu dispôr. A voz, omnipresente, só em escasas ocasiões dá liberdade a uma intervenção um pouco mais marcada dos músicos.

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