Neil Young - Chrome Dreams II *****

O quê, outro disco de Neil Young? Mas estará o tipo apostado em entrar num qualquer obscuro Guinness de velhotes hiperactivos? Ainda há pouco mais de dois anos esteve para lá das portas da morte, com um aneurisma mais umas complicações subsequentes, que pelos vistos deixaram sequelas de uma certa urgência de escrever canções e remexer arquivos. Desde esse tombo de 2005, já sairam os originais Old Ways e Living With War, ambos escritos e gravados de rajada, mais duas gravações ao vivo resgatadas a diferentes passados. Agora, surge uma peculiar colecção de canções, sequela de um disco que nunca existiu… Expliquemo-nos: Chrome Dreams, o original, foi gravado em 1977, mas nunca viu a luz do dia, excepto em variadas e suspeitas edições pirata, tendo as suas canções, como Hurricane, acabaram espalhadas por vários discos subsquentes. Agora, com este sucessor homónimo, acontece o contrário: nele confluem temas que Neil foi escrevendo e gravando, mas que, por uma razão ou outra, não cabiam nos discos as que se destinavam. A jóia desta coroa é, sem dúvida, Ordinary People, uma quase-epopeia de 18 minutos gravada originalmente há duas décadas com os Bluenotes. Um pouco irritante, diga-se, na insistência dos metais. O resto é uma colecção pouco uniforme de canções. O country à Comes a Time de Beautiful Bluebird, a memória dos Crazy Horse em Spirit Road ou Dirty Old Man. E ainda a característica irrequietude de tudo experimentar, seja o soul de The Believer, sejam os coros infantis de The Way. Tudo neste disco é o inverso das experiências conceptuais das últimas décadas. As canções valem por si, uma a uma. E são quase todas acima da média do Young dos últimos anos.

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