Don Tapscott, Anthony D. Williams - Wikinomics ****

Imaginem que uma adega cooperativa do Alentejo colocava em debate, no Second Life por exemplo, novas formulações para elaborar um tipo de vinho mais apetecível às novas gerações. Ou que criava um projecto em rede em que um dos fornecedores faria a contabilidade de todos, outro geria os recursos humanos da comunidade e por aí fora. Imaginar tudo isto é fácil, difícil será encontrar um caso verídico. Mas é disso que trata este livro – exemplos e mais exemplos de como as empresas estão a tirar partido da chamada web 2.0, a rede que permite a colaboração simultânea e instantânea de todos, que transforma os consumidores, de informação ou outra coisa qualquer, em produtores. Uma prospectora de ouro que colocou online o mapa de tesouro para que todos pudessem pesquisar, ficando obviamente ela com os lucros, é o exemplo mais acabado de até onde pode chegar esta nova filosofia de gestão, uma “viragem histórica” na economia e na sociedade, como acentuam os autores. Duas ressalvas. Portugal (e mesmo a Europa…) está a milhas de tudo isto. Por cá ainda impera o conceito de empresa fechada, que guarda os seus segredos e que olha com desconfiança tudo o que não pode controlar de forma hieráquica. Segunda ressalva: mesmo nos EUA, a visão de Tapscott e Williams é excessivamente eufórica – muitas das empresas fingem recorrer à Net porque isso as torna mais apelativas e não porque estejam realmente interessadas em mudar o ciclo produtivo. Enfim, um manual recheado de casos para contrapor à tese de que a web 2.0, no fundo, nada mais é que a “mediocridade das massas”.

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