The Doors -The Singles *****

As publicações especializadas e os locais de venda da chamada música pop-rock têm por estes dias tantos discos novos como reedições dos mais variados tipos. Há razões para isso, que não vêm agora ao caso, mas nem sempre é fácil perceber o que vale mesmo a pena. Este duplo CD (triplo, se contarmos com o blu-ray disc quadrofónico) cabe claramente na categoria dos obrigatórios. Ele reúne todos os singles (lados A e B) da carreira dos Doors, com e sem Jim Morrison. Isto quer dizer que há aqui uma mão-cheia de canções à beira do disparate (que é aquilo do “Mosquito”?), daqueles dois anos (71 e 72), em que os Doors imaginaram (eh eh) que sobreviveriam ao génio. Mas há uma constatação bem mais relevante: expurgada das aventuras mais conceptuais e barrocas (os singles sempre foram o formato mais directo para os tops), a música dos Doors é basicamente blues. Sofisticados, mas ainda blues. Uns Doors em carne e osso, sem gorduras, portanto.

Yusuf - The Laughing Apple ****

De velho se torna a menino, como diz a tal sabedoria popular. E dessa viagem no tempo podem surgir surpreendentes e agradáveis coisas. Como este disco, com que Yusuf celebra os 50 anos de carreira de Cat Stevens. Após uma decepcionante contaminação da sua música pelas opções religiosas que tomou há uns anos, Yusuf celebra agora a inocência, a velha infância, das canções alegres e cantaroláveis que tornaram Cat Stevens famoso. Este disco não esconde ao que vem: metade das canções são novas, as outras são do início da carreira. E para tornar tudo ainda mais claro, o produtor é Paul Samwell-Smith e há Alun Davis na guitarra (, dois dos magos da era dourada. O balanço é muito positivo, com a recuperação daquele estilo solar, guitarra e voz sincopadas, entre a marcha e a cantilena infantil, que fizeram História. “Mary and the Little Lamb” e “See What Love Did to Me” são duas boas portas de entrada para esta aventura.

Pearl Jam - Let's Play Two ***

Em Novembro de 2016, os Chicago Cubs sagraram-se campeões de baseball, após um jejum de 108 anos. Tal feito nunca constaria da história da música moderna, não tivesse ele sido celebrado pelos Pearl Jam, com uns meses de antecedência. Este CD é a banda sonora dessa celebração, em duas noites de Agosto desse ano, no estádio do clube, o Wrigley Field. E é também a banda sonora do filme realizado então por Danny Clinch e que capta a banda num momento particularmente aconchegado, a jogar em casa – Eddie Veder é um fã confesso dos Cubs e presta-lhes aqui homenagem em “All The Way”. Sem novidade de maior (há os êxitos, como “Corduroy”, ou as menos conhecidas, como “Black, Red, Yellow” ou “Crazy Mary”), o disco serve fundamentalmente para matar saudades (o último de originais, “Lightning Bolt”, é de 2011) e aguçar o apetite para mais uma digressão com passagem em Portugal, em 2018.