Momo - Voá ****

Quando, ao fim de minuto e meio de doçura e delicadeza de Momo, a voz de Camané irrompe poderosa, “Alfama” dispara em todas as direções. É samba? É fado? É valsa? Flamenco? Pouco importa, na verdade. Que a graça desta música é essa mesmo. Isto é, na verdade, música brasileira até ao osso (“Pensando Nele”), tem o doce balancear dos trópicos, mas não se deixa aprisionar no samba, na bossa ou em qualquer outro formato (“Mimo”, escrita com Rita Redshoes”). Momo (Marcelo Frota) é ele próprio um cidadão do mundo (“Song of Hope”), mineiro de nascimento, em Alfama há um ano, com passagem por vários pontos do globo. A sonoridade, mais luminosa e complexa que a dos seus quatro discos anteriores, deve-a à produção de outro brasileiro de Lisboa, Marcelo Camelo. Uma música ondulante, quase dançante, assente numa poética introspectiva (“Roseiras”) e melodias planantes (“Esse mar”). Bem bonito.

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