The Beatles - Live At The Hollywood Bowl *****

As pessoas que assistiram às três atuações em que estas canções foram gravadas (Los Angeles, 1964 e 65) não ouviram nada disto. As que compraram o vinil de 77, a única gravação ao vivo oficial da banda, também não. Nem mesmo os Beatles alguma vez tinham ouvido isto. Tal como refere um deles no documentário a que este CD serve de banda sonora - Eight Days a Week, de Ron Howard, agora nos cinemas -, eles nem conseguiam ouvir-se uns aos outros em palco, tal era a histeria da audiência. Histeria que, no vinil de 77, abafa totalmente a música. Chega agora uma versão que consegue resgatar essas 13 canções à parede de som que se tornou símbolo da beatlemania, e ainda juntar-lhes mais quatro que andavam perdidas. Isto é História, sob qualquer das pontas por que se pegue. Um ano depois disto, os quatro abandonam os palcos e escrevem em estúdio alguns dos capítulos mais cimeiros da pop. Aqui... bom, se há quem não precise de apresentações ou descrições, os Beatles estarão certamente na frente. 

Lloyd Cole, 15 Set CCB


Repare-se na parca extensão da entrada sobre Lloyd Cole na Wikipedia, barómetro destes dias, e tirem-se as conclusões. Mais de meio século de vida e 33 de carreira não lhe trouxeram fama nem honrarias por aí além. Nem por isso desiste, antes pelo contrário. À boleia do sucesso da caixa com a discografia integral dos Commotions (Collected Recordings 1983-1989), lançada o ano passado, prepara idêntica aventura com os primeiros anos a solo (1989-1996), e, juntando os dois segmentos, anda em digressão, acústica e a solo (às vezes aparece o filho, Will, à guitarra), a recordar precisamente essas quase duas décadas. Na prática, o que o traz agora a Portugal é o desfile de êxitos, quase integralmente dos Commotions, que tanto agradam aos fãs. De fora e relevante, ficam apenas alguns temas de Music in a Foreign Language (2003) e de Standards (2013). O registo acústico, quase íntimo, potencia a inteacção com o público, uma das suas marcas de água. Desde que a sala não entre em rebuliço, por exemplo, com palmas fora de ritmo, o que o levou a interromper a actuação em aparições recentes. Não deverá acontecer por cá. Lloyd Cole e os portugueses, é sabido, têm uma relação que resiste a esses arrufos.