Muse - Drones ***

O tema que encerra o disco, e que lhe dá nome, é uma peça a capella, apenas com a voz de Matthew Bellamy replicada dezenas de vezes (a ficha técnica faz questão de salientar o acto a solo), que recupera o "Sanctus et Benedictus", de Palestrina (séc XVI). E reza, literalmente, assim: "Minha mãe, meu pai, minha irmã e meu irmão, meu filho e minha filha, mortos pelos drones". Pois é, uma carnificina. Os Muse especializaram-se nestas coisas meio diabólicas, meio apocalípticas, em registo a atirar para o operático cruzado de heavy metal básico (como se houvesse outro). São coisas do fim do mundo, ou do outro mundo, se quisermos. O problema de tudo isto é a extraordinária pompa associada. Porque os Muse não estão para brincadeiras, as fábulas de guerra e horror comportam insondáveis pressupostos filosóficos. Levam-se demasiado a sério, é isso. A longa citação de Morricone a abrir "Globalist" era suficiente, e até teria alguma graça, se mais à frente o tema não descambasse numa mini-ópera, a que não faltam uns minutos de recriação de Elgar. O resto é o trio (guitarra-baixo-bateria) do costume, às vezes acompanhado por teclas e outros ornamentos, sempre em cadência sincopada, cada canção seu "riff" de guitarra, por vezes prolongado para um solo para cumprir calendário. Às vezes, fazem lembrar Queen ("Defetor"), outras U2 ("Mercy"), ou outra coisa qualquer que soe bem em estádio ou palco principal.

Sem comentários: