Ana Cláudia - De Outono ***

Há uns cem segundos de uma faixa quase escondida no final deste disco de uma enorme e dupla utilidade. Revelam, por uma lado, a ossatura inspiradora destas canções, a mansidão da música contemporânea brasileira derivada da bossa nova, enquanto que, em simultâneo, apontam uma saída para o labirinto em que a concepção deste disco se deixou cair. Porque, se há tónica comum aos seis temas deste primeiro esforço discográfico em nome próprio, ela é a de um conceptualismo em excesso, que espartilha a belíssima e educada (jazz) de Ana Cláudia e a mergulha na frieza metálica das electrónicas e outros efeitos de estúdio, como a rigidez dos coros. Uma voz destas ganharia em libertar-se de todo este formalismo e em caminhar por trilhos de maior simplicidade, de que a bossa nova será apenas um exemplo. Para um disco que se explicita De Outono, funciona. Mas não deixa de ser uma auto-limitação.

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