Metronomy - Love Letters ****

Os improvisos, como se sabe, dão muito trabalho a preparar. É como a música dos Metronomy: esta electrónica deliberadamente 'lo-fi' necessitou de um estúdio analógico para que todos os sons saíssem claros mas redondos. Esta depuração, como que um burilar de 'demos', é a marca de água do quarteto inglês. O resultado é uma pop dançante ("Reservoir"), mas ainda assim melancólica, ou não girasse todo o disco em torno da temática do desencontro (amoroso, claro está), a raiar o desespero, a angústia mesmo - ouça-se, por exemplo, o martelar do refrão em "I'm Aquarius". Quer na composição, que especialmente na encenação, as canções devem muito à Motown (exemplo máximo: o tema que dá nome ao disco), com paragens mais ou menos evidentes nos anos 80 ("Reservoir" poderia estar num disco dos Orchestral Manoeuvres in The Dark). Espantosamente, é uma música que sobrevive, e bem, ao calculismo notório da sua construção.

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