Kaiser Chiefs - Education, Education, Education & War **

Os Kaiser Chiefs ganham uma das apostas deste disco, mas perdem outras duas. O resultado é, portanto, misto, com tendência para negativo. A banda sobrevive perfeitamente à fuga do baterista Nick Hodgson, o autor dominante dos quatro primeiros discos de estúdio. Se tivermos em conta que o código genético das canções parece não ter sofrido qualquer abalo, averbe-se então a vitória mais soborosa desta aventura. Manter o tom é, porém, insuficiente para uma banda que sonha alto. E sonha, por exemplo, estar na vanguarda das lutas sociais da juventude (!), daí ter recuperado uma velha frase de campanha de Tony Blair para título do disco. As canções não são apenas porta-vozes de inconformismo, elas apelam à acção. E talvez aí o primeiro falhanço - os miúdos já não vão em revoluções. Enchem estádios, é certo - e estes dez temas foram pensados para isso -, mas dificilmente se deixarão mobilizar por estas canções. E eis a terceira derrota: não sendo más, as canções não são nada de especial. Ora, tratando-se de um disco...

Maria de Medeiros - Pássaros Eternos ***

Às tantas, damos por nós a interrogarmo-nos que raio de preconceito temos contra as pessoas com voz de sopinha de massa. Porque Maria de Medeiros tem voz de sopinha de massa e isso fica evidente, e de que maneira, logo no primeiro tema ("Quem És Tu?"), volta a ouvir-se evidentemente em "Por Delicadeza", o poema de Sophia transformado por Maria num suave bossa-jazz, e evidencia-se novamente em "Diz Que É Fado", por motivos mais que evidentes. Mas não deixa de ser extraordinário que essa fragilidade da voz, verdadeiramente audível em todo o disco, seja francamente relegada para um secundaríssimo plano, perante canções que parecem não se cansar de encontrarem modos de nos seduzirem. Neste terceiro disco, a cantora assina integralmente cinco dos dez temas, recupera Ivan Lins e Adriano Celentano e colabora com o espanhol Raimundo Amador e com The Legendary Tiger Man (o dueto "Shadow Girl" é, de resto, um dos momentos mais conseguidos).

Elbow - The Take Off and Landing of Everything ***

Eis uma banda com todos os ingredientes para um cozinhado insípido e talvez mesmo soporífero, mas que, por artes de magia, acaba fazer um disco que se ouve muito bem e que revela a cada audição subtilezas inesperadas. Os Elbow praticam uma música que vai buscar ao rock sinfónico uma certa pompa e pendor intelectual e à 'brit pop' a apetência pelos sons de estádio, não sendo abuso evocar os Oasis ou os Coldplay a propósito. Uma receita para o bocejo, convenhamos (e a faixa que dá título ao CD é-o, de facto). Mas, justiça seja feita, nesta sexta gravação da banda há uma esforço de, digamos, humanização, que resulta. Por exemplo, no muito interessate "My Sad Captains", ou em "This Blue World", em que as evoluções planantes não resultam tão enjoativas como chegamos a temer. A audição acaba por ser gratificante, especialmente para as vítimas das crises da meia idade, seja lá isso o que for, que tanto afligem estes simpáticos britânicos.