Patrick Wolf


Ouvimos “The City” e imaginamos dezenas de dançarinos sincronizados como nos velhos filmes de Hollywood, ao som de uma fanfarra grandiosa. Ouvimos “Time Of My Life” e até vemos os dançarinos a marcarem o passo com palmas, levitando sobre violinos. A dúvida para este concerto de Lisboa é perceber como vai Patrick Wolf encher o palco, se com dançarinos (pouco provável), fanfarras e violinos (talvez, talvez) ou, garantidamente, com aquela voz de barítono, que nunca como neste último Lupercalia ganhara tanto espaço para se projectar. Lupercalia era a designação dada a uma festa pré-romana de celebração da Primavera, no caso presente aplicada a uma fase literalmente apaixonada de Patrick Wolf. Daí a luminosidade que emana de todas as canções, a descarada e exuberante felicidade de tudo isto. Estamos perante alguém que dá tudo em palco – os portugueses conhecem-no, por exemplo, de uma relativamente curta passagem pelo último Optimus Alive – e não é, por isso, difícil de adivinhar uma prestação empenhada, em que cada canção merecerá uma encenação própria, um investimento total. Seja com o autor ao piano, na harpa, no violino… E, já agora, outra dúvida para resolver neste concerto: será que Patrick Wolf arriscará cruzar estas alegres canções de 2011 com outras, digamos, mais sombrias, de fases menos apaixonadas da sua vida, perdão, da sua carreira? Deixarmo-nos surpreender poderá ser o papel que nos está reservado, afinal.