Divine Comedy


Um dos grandes encantos dos Divine Comedy é o casamento perfeito, ora dramático, ora simplesmente lírico, entre os arranjos de cordas e a voz bela e grave de Neil Hannon.
Ora não é nada disso que vamos ter nas próximas apresentações do senhor Divine Comedy em Portugal. Hannon viaja acompanhado apenas de piano e guitarra e é assim que vai subir ao palco. Perde-se a grandiosidade do som dos Divine Comedy, o seu traço barroco, e ficamos apenas com as canções.
E aqui entra outro dos grandes encantos dos Divine Comedy – as canções. Neil Hannon é um dos melhores autores da década de 90, propondo-nos um raro equilíbrio do humor com a ternura, das reflexões melancólicas com a crítica social.
Isso mesmo é audível no disco com que recentemente quebrou um silêncio de quatro anos, o qual já tinha sido antecedido de silêncio de igual magnitude. Isto tudo porque Hannon se tornou um homem de família e também porque, confessa, não tem muita paciência para as despesas da fama. Bang Goes The Knighthood é um disco com uma canção sobre a crise financeira internacional (“The Complete Banker”), mas também com temas tão reveladores como “When a Man Cries”.
Ao piano ou à guitarra, Hannon terá, obviamente, que regressar ao clássicos dos Divine Comedy, por exemplo, “The National Express”, ”Our Mutual Friend”, ou “Something For The Weekend”. E talvez cante, se lhe pedirem, uma canção de Brel, Brassens ou Gainsbourg, daquelas que gravou ao vivo para uma edição especial de “Bang Goes The Knighthood”.