Pete Yorn & Scarlett Johansson - Break Up ***

Sexo. Não há volta a dar – este disco tem falta de sexo. Podemos fingir, usar eufemismos, e dizer que falta aqui paixão, talvez até sensualidade. Mas o que falta mesmo é sexo.
O objectivo de Pete Yorn era, confessadamente, imitar Gainsbourg e os duetos com Brigitte Bardot nos anos 60. BB não era ainda o sexo explícito que Jane Birkin viria a fazer uns anos depois, mas era já a voz entre o infantil e o sensual que servia as canções provocatórias de Gainsbourg.
Acontece que Scarlett Johansson tem voz infantil, mas a sensualidade deixa-a toda no ecrã. Falta-lhe a insinuação, a flexibilidade de deixar escorregar algumas sílabas para a garganta. E, claro, as canções de Pete não ajudam – falta-lhes o Diabo na alma do louco francês.
Fica-nos, então, um disco que conta a história de um romance que dá em separação. E as canções e os desempenhos vocais desamparados de comparações.
Importa referir que, apesar de só agora ter sido editado, este disco foi gravado em 2006 e as participações de Scarlett terão ocupado apenas duas tardes. Não faz sentido, por isso, qualquer comparação com o semi-desastre da estreia a solo da diva (Anywhere I Lay My Head, 2008) e que, afinal, foi gravado depois.
Break Up é basicamente um disco de Pete Yorn (apenas um tema não é de sua autoria), um rock que bebe nas origens americanas, coberto da sujidade da electrónica. Essas camadas e estrias electrónicas envolvem a voz de SJ e disfarçam a sua fragilidade. Ouvimo-la, em todo o seu esplendor, por exemplo, em “I Am The Cosmos” e é agradável, sem ser entusiasmante. Como o resto do disco, aliás.

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