Neil Young - Fork In The Road *****

Este disco deveria ser patrocinado por uma qualquer multinacional energética. Porque energia é o que não falta por aqui. Guitarras eléctricas como raramente se ouve, energia criativa com carácter de urgência, e até mesmo a defesa, radical pois claro, das novas energias, mais amigas do ambiente.
Neil Young atravessa uma das fases mais interessantes da sua carreira. Tivemos uma prova disso com o último disco (Living With War, 2006) e com o espectáculo, no duplo sentido da palavra, que deu no Verão passado em Algés. Parece que a situação política e económica da América e do mundo provocou nele um renascimento, após ter estado realmente às portas da morte há uns anos.
“When Worlds Collide”, que abre este disco, corre sérios riscos de entrar para o top das melhores canções de Neil Young. Mas “Just Singing a Song” não lhe fica atrás. A primeira é uma autêntica orgia de guitarras – de resto, todo o disco é uma colecção de riffs (e, já agora, de fantásticos coros) -, enquanto que a segunda é mais um daqueles hinos políticos que incendeiam plateias.
Todo o disco gira à volta dos carros – Neil Young adaptou um motor eléctrico a um vellho Lincoln Continental de 1959 – e as canções vão fazendo referências, ora directas ora metafóricas, a esse mundo meio mítico, meio em crise, do automóvel. “Fuel Line”, por exemplo, trata precisamente dos carros do futuro que já por aí andam, enquanto “Johnny Magic” fala precisamente do contrário, da nostalgia dos grandes carros (e condutores) do passado.
Pelo meio, ainda há tempo para criticar a crise financeira, em “Cough Up The Bucks” (“Where did all the money go?”), com o mesmo sentido de humor que percorre o resto do disco.

Sem comentários: