Bob Dylan - Tell Tales Signs ******

Vamos directos ao assunto: este é o melhor disco de Bob Dylan em muito tempo, talvez décadas. E, sim, é verdade, trata-se de uma recolha de sobras, restos, tentativas, coisas rejeitadas para edição, um ou outro inédito, uma ou outra gravação ao vivo.
A série dos Bootlegs de Dylan (divulgação oficial de gravações piratas) ameaça tornar-se num caso sério. Até porque a editora percebeu o potencial e, ao oitavo volume, põe cá fora algo que de pirata nada tem. A começar pela qualidade do som, todo ele de estúdio e, em alguns casos, com tratamento digital superior aos originais.
Esta edição cobre uma época de ouro de Dylan (talvez a melhor a seguir àqueles 14 meses dos anos 60 em que gravou Bringing…, Highway 61… e Blonde on Blonde), mais precisamente a que vai do autêntico renascimento que constituiu Oh Mercy (1989) até ao recente Modern Times (2006). Uma época em que Dylan serenou, amadureceu, e deixou claro que, não sendo este o melhor dos mundos, não contem com ele para desistir.
Foram anos muito criativos, com muito trabalho em estúdio e ao vivo, alguns conflitos com produtores (Daniel Lanois, por exemplo) e o que o este disco recolhe são versões alternativas e alguns inéditos. Em muitos casos, estamos perante interpretações superiores às “oficiais” e noutros interrogamo-nos como foi possível certas canções terem ficado na gaveta.
Acreditem que é difícil escolher exemplos de tudo isto, tal a qualidade do que aqui se apresenta. Ainda para mais há três edições à venda: uma tripla luxuosa (por importação), uma dupla (que se recomenda vivamente, pelo longo texto e pelas esclarecedoras notas de Larry Sloman), e ainda um CD simples para quem pensa que isto do Bootleg é apenas um truque para vender uns discos. Os dilanólogos ficam agora com um problema: onde e como classificar este disco?

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