Alanis Morissette - Flavors of Entanglement ****

Comecemos pelo lado tablóide, que sempre agarra melhor a audiência: Ryan Reynolds trocou Alanis Morissette por… Scarlett Johansson. Uma opção que, enfim, até pode ser compreensível sob certos pontos de vista, mas que deixa muitas dúvidas sobre os gostos musicais do tal Ryan. Este disco, por exemplo, deixa a anos-luz a primeira e desastrada aventura discográfica da diva de Hollywood.
Mas a verdade é que Flavors of Entanglement está cheio de Ryan Reynolds por todos os cantos, já que se trata de mais um disco escrito na ressaca de uma ruptura sentimental e que só muito raramente consegue escapar a esse peso.
Em temas como “Tapes” (“I am someone easy to leave”) ou “Torch” (“I miss your warmth and the though of us bringing up our kids”) a separação é abordada de forma bem explícita, mas o assunto, assim como a necessidade de auto-afirmação após a ruptura, percorre todas as canções.
À semelhança dos discos anteriores de Alanis (o último é de 2004), trata-se de uma gravação densa. Com poemas de difícil digestão, hiper-metafóricos, repletos de referências cruzadas a várias realidades.
Essa densidade poética tem uma directa correspondência nas texturas musicais criadas por Guy Sigsworth (Bjork, Madonna), que produz e co-assina, e por Andy Page, multi-instrumentista, que desenha a maior parte das sonoridades densamente povoadas de sintetizadores, mas em que também ouvimos alguns arranjos de cordas e mesmo instrumentos de outras paragens (tabla, por exemplo). Aqui e ali, a densidade sonora chega a ser gongórica e, felizmente, há um ou outro tema mais límpido (como “Not As We”), em que a bela voz de Alanis é realçada apenas pelas teclas de um piano.

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