Annie Lennox - Songs of Mass Destruction **

Annie Lennox é uma pessoa preocupada com o planeta, a SIDA em África, a condição da mulher e mais umas três ou quatro causas justíssimas. Mas Annie Lennox é também uma pessoa deprimida. Isso nada de tem de estranho - muitas das pessoas que se preocupam são pessoas infelizes. Felizmente, nem todas gravam discos. Songs of Mass Destruction é um disco incómodo e isto não é propriamente um elogio. A primeira canção chama-se Dark Road e é isso mesmo, na segunda passa-se ao suicídio explícito e a continuação não é mais risonha. A toada é toda ela deprimente, seja pelo banal desamor, seja por dores de alma variadas. A artista solidária revela-se numa megaprodução (Sing, com o recurso a um coro de 23 sisters, de Madonna a Joss Stone, de Isobel Campbell a Beth Gibbons…), um Live Aid no feminino contra a propagação do HIV em África. Há ainda Womankind, um rosário de queixas (amorosas?) envoltas num despropositado feminismo. O incómodo pela insistência na temática depressiva é reforçado pela vertente puramente musical. Tudo fica ainda mais pesado devido a uma sobreprodução que envolve todos os temas em orquestrações gongóricas a servir a habitual interpretação histriónica de Lennox. Salvam-se duas ou três canções que escapam à escrita monocórdica e martelada, principalmente as baladas, Fingernail Moon à cabeça. E os Eurythmics, sim, os Eurythmics? Bom, esses são ressuscitados, inteirinhos, em Coloured Bedspread. Obrigado pela nostalgia.

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